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Foto do escritorAdriano Lodi

Autonomia não funciona sozinha



Quem já conversou comigo a respeito de modelos de trabalho sabe bem como eu acredito na força da autonomia. Porém tenho escutado alguns relatos onde a autonomia tem sido utilizada de forma um pouco deturpada.


Viver com autonomia é uma das necessidades mais intrínsecas dos seres humanos. É a capacidade de um indivíduo racional tomar uma decisão não forçada, baseada nas informações disponíveis.


Reparem nas crianças quando descobrem algo novo, logo querem executar sozinhas. A mãe leva até a boca da criança um copo de água pela primeira vez, e logo essa criança não quer mais que mãe faça isso a partir da descoberta. Ela por si só quer segurar o copo para tomar água, mesmo que isso seja bem complicado, ou que ela derrube o copo algumas vezes, a criança segue em frente motivada a aprender mais, e decidida a conquistar a sua autonomia.


Autonomia motiva, desperta para o novo, nos torna resilientes. Nos empondera para o desenvolvimento.


Autonomia nas empresas


Cientes do poder da autonomia as empresas cada vez mais estão buscando modelos de trabalho, gestão de equipes e lideranças que promovam um ambiente colaborativo e autônomo. Tentando assim extrair o melhor de cada funcionário em busca dos objetivos e metas.


Dentro desse momento de transição surgem muitas descobertas, ajustes e novas necessidades. Os comportamentos dentro da empresa vão se alterando e uma nova cultura começa a incorporar nas pessoas.

A transformação provoca as mais diversas reações nas pessoas, e cada um reage de forma diferente a esse estímulo. E o que eu pude perceber, e também ouvir de alguns líderes, é que está surgindo um tipo de comportamento negativo que eu chamo aqui de distorção da autonomia.


Quando a autonomia torce o rabo!


Um líder de uma jovem empresa de TI me contou um caso que reflete bem essa situação. Essa empresa trabalha dentro de um sistema colaborativo, ágil, eficiente e motivado. Certamente um dos pilares para que o sistema se mantenha ativo é a autonomia que as pessoas possuem em suas atribuições no dia a dia.


O problema é que em alguns casos o discurso de ter autonomia vem sendo utilizada como ferramenta de procrastinação e desvio depriorização dos objetivos.


Um exemplo claro foi quando esse líder precisou reunir a equipe de especialistas para realinhar uma demanda do cliente. Nem todos da equipe queriam participar da reunião, pois já estavam executando as tarefas que haviam escolhidos pra fazer. A autonomia dos outros nesse caso os impediu de perceber que as prioridades podem se alterar conforme a necessidade da empresa.


Outra distorção é quando se tem a percepção que as tarefas estão sendo escolhidas pelo menor grau de complexidade e não por alinhamentos aos objetivos. Dentro de um sistema com autonomia algumas pessoas podem tirar proveito da opção de livre escolha, e passar escolher executar sempre tarefas que estão em sua zona de conforto. O resultado é que elas não se desenvolvem e produzem menos para a empresa à médio prazo.


Por fim a autonomia pode também acarretar em escolhas e formatos fora dos métodos estabelecidos dentro da empresa.

Tem empresas que a autonomia é um valor, quase inquebrável. Um funcionário pode escolher um software de sua preferência para criar seus controles e planilhas, ele pode utilizar o Numbers (Apple) enquanto os demais funcionários utilizam o Excel (Microsoft) ou Planilha Google. No primeiro momento o que pode ser prático tende a se tornar caótico a médio prazo. A empresa pode ter dificuldades em dar continuidade nas tarefas.

Isso faz que a construção de todas entregas estejam baseadas em capital intelectual individual e não não em processos da empresa. As informações ficam na mente dos profissionais. Se esse profissional deixa empresa é necessário começar tudo do zero.


Autonomia sim — com Propósito, Responsabilidade e Comprometimento


Todos devem buscar um modelo de trabalho com autonomia, mas lembre-se sempre: Você foi contratado por uma empresa que tem seus objetivos e metas. Nada adianta ter autonomia em suas atribuições se ao final do dia você está indo em direção contraria as necessidades dos clientes.

Líderes devem criar e manter um ambiente com autonomia, mas precisam cada vez mais se adaptar aos novos comportamentos das equipes, a fim de garantir os objetivos estabelecidos. Utilize um modelo com autonomia sem moderação, mantendo as ações das equipes alinhadas ao propósito, com alinhamento aos métodos e comprometimento com o futuro.


"Potência não é nada sem controle" lembrando aqui a frase de uma anúncio famoso de uma fabricante de pneus.

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